Dia
Internacional de Direitos Humanos
Dia 10 de dezembro
celebramos os direitos humanos. Pode parecer estranho dizer que celebramos, com
tantas violações cometidas contra a dignidade, contra a vida, contra o meio
ambiente ….
Temos vivenciado tanta violência,
só na década de 90, tivemos Carandiru, em 1992, Candelária em 1993, Vigário
Geral em 1993, Corumbiara em 1995, Eldorado do Carajás em 1996 e os anos 2000 também
trazem marcas de extrema violência, com índices acentuados de desigualdade, concentração
de riqueza, não reconhecimento dos territórios étnicos e com extermínio da
população jovem, negra e periférica.
Mas, é também nesse
período, que várias entidades e movimentos em defesa dos direitos humanos foram
criados; que o Brasil, pela primeira vez estabelece expressamente que é um
Estado democrático de Direito, que tem como fundamento a cidadania e a
dignidade da pessoa humana e que se rege nas relações internacionais pelo princípio
da prevalência dos direitos humanos; que foi legitimada a noção de
indivisibilidade dos direitos humanos, sendo estendido os seus preceitos aos
direitos econômicos, sociais, e culturais; que são redefinidas as fronteiras
entre o espaço público e privado, possibilitando que os abusos praticados na
esfera privada sejam assumidos como crime contra os direitos da pessoa humana.
Tudo isso pode parecer
pouco, afinal o Brasil legal está distante, ainda, do Brasil real, contudo a existência
de entidades de luta pela realização dos direitos humanos e o amparo legal nos
assegura, no mínimo o direito a exigibilidade de direitos.
Muito ainda se precisa
caminhar para que os direitos humanos possam ser materializados na vida das
pessoas possibilitando a todos e todas viver, produzir e se reproduzir com
dignidade; para que se possa conquistar um espaço em que lutar por direitos
humanos não seja reprimido, criminalizado, desmoralizado e estigmatizado; onde
a participação social seja uma pratica assumida e não apenas tolerada pela administração
pública; onde as pessoas sejam encarada como protagonistas de sua história;
onde direitos humanos seja uma política de estado com alocação de recursos suficientes
para sua implementação.
Diante de tudo
isso vale celebrar?
Talvez seja
justamente essa conjuntura de violência que mobiliza os lutadores e lutadoras
de direitos humanos a celebrarem, a construírem esse momento especial
senão para festejar, mas para
honrar e reafirmar a atualidade e importância da luta por direitos humanos para
a concretização do ideal de justiça que forjamos e exaltar todos e todas a
cercar de cuidado as conquistas para que um dia os direitos humanos sejam
realizados e se tornem realidade na vida de todos e todas do planeta.
Quimera? Utopia?
Não! Sede de justiça, de direito.
É por isso que muitos se movem na semana do 10 de dezembro,
reunindo pessoas para publicamente refletirem sobre o compromisso nessa
luta, divulgando textos, canções, frases.... É um momento especial, é um gesto público de um
amor a uma causa, de compromissos de muitos e muitas que incansavelmente
dedicam suas vidas à essa missão.